sexta-feira, 28 de novembro de 2014

NO AKROSFREE


Podia ser apenas um dia sem memória,
Apenas um dia nascido da mesmice dos dias assim,
Relativamente calmo, sem pitada de tempero,
Anódino, insonso, macio e redondo, como o vazio ou a escuridão.
Bastaria que fosse um dia de sol e espanto
E deixaria de ser um dia igual a outros dias
Nascidos no exacto momento em que o relógio marca
Solitariamente vinte e quatro horas – o ponto de partida de um novo dia!

Poder, podia! Se assim fosse nada haveria de extraordinário!
Avançar no tempo é mister de cada um e de todos...
Recusar o peso do tempo é audácia de quem tem sonhos por cumprir,
Ar por respirar, vida por exorcizar, árvores por plantar, livros por dar à luz!
Bem-aventurados os audazes, porque alcançarão o infinito!
Estóicos, descobri a gesta dos caminhos sem destino e das veredas!
Nómadas, uni-vos! É tempo dum clamor novo e dum novo golpe de asa!
Sonhadores, ousai a descoberta dos labirintos e dos abismos e, por fim, festejai!

Ide! Espera-vos o longe, o nunca, a coragem e o medo!
Sondai as almas! Libertai os cativos! Reformai as masmorras!
Abri de par em par as janelas e mostrai aos cegos os horizontes!
Brindai com vinhos velhos a sabedoria dos ancestrais e fazei festa!
Escutai todos os silêncios, ainda que a dor deles se eleve e ressoe!
Lançai foguetes, dançai em folguedos naturais e, antes de dormir, agradecei!

Paulo César * Portugal
Em 25.Nov.2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário